A montanha mágica

sexta-feira, julho 31, 2009

If you ever go to Houston (6)




Ivan Navarro, Homeless Lamp, the Juice Sucker, 2004



1. Tenho um amigo que tem um cash and carry e também um supermercado, e de vez em quando tem de atender os clientes na caixa, de fazer as contas e de lhes dar corda.
Num destes dias quando estava a entregar a soma ao cliente este lá faz uma consideração qualquer sobre o preço e o meu amigo responde-lhe perguntando se ele acha que conseguiria fazer aqueles produtos todos apenas pelo dinheiro que estava a pagar.
Risos.

Na última semana peguei em dois livros cujo preço achei estúpido e por isso os deixei onde os vi e lhes peguei:

a) A Bilha, de Luigi Pirandello, 10 euros;

e

b) Regresso à Patagónia, de Bruce Chatwin e Paul Theroux, 9,95 euros.

Livros de John Updike por ali perto custavam não chegava ao dobro do preço; Ilusões Perdidas trouxe-as por 19 euros.
Sei. Certo.
Quem ficou a perder fui eu.


2. Li no público, essa dos "principais bloggers do país", Charlotte.

E dei uma gargalhada, grande, mesmo, a sério. E então quando vi quem organizou aquilo...

Mas que houve sempre gente que passadas apenas meia dúzia de semanas de por aqui andarem já davam opiniões sobre quem eram os clássicos da blogosfera portuguesa, iam fazendo uma lista, uma selecção própria deles, cheia de razões, houve. Ainda hoje parecem aquelas agências de notícias que seleccionam as notícias que os telejornais hão-de emitir no horário nobre para formatarem as pessoas mais incautas que, por sinal, são eles mesmos. Não perceberam nada e ainda não percebem.

Um dia destes um jornalista da tsf (que é uma rádio que debita 48 vezes por dia notícias, 48, no mínimo, nestes dias metade a fazer campanha eleitoral pelo actual secretário geral do partido socialista), que foi para o interior do país fazer mais uma reportagem daquelas respondeu assim a um velho que lhe perguntou o que é que ele fazia:
- Falo sobre a vida das pessoas.


3. Disse Cohen, be kind.


posted by Luís Miguel Dias sexta-feira, julho 31, 2009

quinta-feira, julho 30, 2009

.

A pior raça é de quem vive atrás da coerência
vê na verdade matemática e no céu ciência








Excertos de João Bonifácio:


"Tal como "Nº 1", "Muda que Muda" tem duas ou três canções que ainda não estão acabadas. Tal como "Nº 1", "Muda que Muda" tem uma mão cheia de grandes canções, só que com uma diferença: enquanto as do primeiro disco demoravam a desvelar-se na sua imensa tristeza, estas são imediatas e compulsivas.

Mas "Muda que Muda" tem mais que isso, a começar por um humor muito próprio, ambíguo, visível logo na capa, uma espécie de gozo aos Michaeis Carreiras e Julios Iglesias. (E é por coisas destas, por este humor que não se esforça minimamente por mostrar aos outros que é efectivamente humor, que Coração perde muitos ouvintes dentro daquela classe de aspirantes a intelectuais de alpaca que ainda tem algumas dificuldades de interpretação. Pura e simplesmente essa gente não sabe onde encaixar Coração.) O humor continua na foto do libreto que apresenta Coração de calções de banho betos, tronco nu peludo e guitarra acústica, e vai ao ponto de roubar o ícone do casalinho dançante dos discos de Leonard Cohen, passando pelos falsetes e uhs e ahs que povoam este disco estival. Mas o que importa são as canções e cinco em nove são extraordinárias - sendo que quatro estão logo a abrir. A "Canção para ficar" segue-se "Passo a passo", que é Gainsbourg lo-fi: uma guitarra acústica, um órgãozinho ié-ié, aquela vozinha melosa a anunciar que "Vai ser um dia de calor", e depois o genial truque: piano, órgãos (Moog e Hammond) e uma voz desafinada de menininha coquete e virginal. Aquela voz feminina no refrão é uma lição pop: menos é mais, mal feito é bem feito, no erro é que se acerta. Canção pop perfeita em qualquer parte do mundo civilizado, e até mesmo em sítios suspeitos, como Lisboa.

Canção 3, homónima ao disco: abre com guitarrinha picada, percussão ao trambolhão e uma óptima melodia de harmónica no refrão. Depois há trompetes e coros e uma bela melodia em ascensão. João canta: "A pior raça é de quem vive atrás da coerência/ vê na verdade matemática e no céu ciência". E depois a charanga torna-se por quatro compassos homenagem ao "Road to Nowhere" dos Talking Heads e - guitarras, harmónica, coros, palmas, gritos de "hey", trompete melosa, tudo e todos numa festa magnífica - canta-se "Vou a caminho de nada, entrem comigo".

"Abalada Farewell" é o fim de quarteto de ouro, uma balada folk com Fender Rhodes que se alteia num belíssimo refrão debruado a guitarra slide. A partir daqui o disco só volta a este nível magnífico em "Cadeiras ocidentais", luso-honky-tonk servido por banjo, mais órgãos retro e uma grande interpretação de voz que depois abre num estupendo refrão cheio de coros e mudanças de ritmo. De entre as canções que não são singles óbvios, destaque para "O avesso do começo", espécie de western para assobio, harmónico e falsete. A "Sofia" falta definição melódica e a muito, muito bela "Istambul ou Budapeste" (que lembra Chico Buarque) tem o defeito de arrancar abaixo do que o resto da canção vem a ser. Mas o que interessa é que neste disco com cheiro a maresia, para ser ouvido com Martinis numa mão e uma garota na outra, entre meloas e marisco, descobrimos um Gainsbourg da Arrábida, a resposta portuguesa ao tédio burguês à francesa, as canções que vão ganhar os próximos Festivais da Eurovisão ou a banda-sonora do próximo Wes Anderson. Ao leitor pede-se pouca poeira na cabeça. A João Coração peçam-lhe tudo."

posted by Luís Miguel Dias quinta-feira, julho 30, 2009

quarta-feira, julho 29, 2009

.





Amanhã, Fundação Calouste Gulbenkian - Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão.

A apresentação será feita por Suhail Malik, director de departamento de Pós-graduação "Fine Arts Critical Studies" Goldsmith`s College.

O livro, contém textos de Doris von Drathen, Suhail Malik, Angelo Capasso e uma entrevista de Paulo Pires do Vale à criadora.


Da entrevista:

"PPV: Costumas indicar a referência evangélica à passagem de Cristo na casa de Marta e de Maria para explicar o teu nome (Marta Maria Bastos Wengorovius). Parece-te também fazer sentido essa referência para ajudar a compreender esta exposição: a acção e a contemplação? Alguma delas é «a melhor parte»?

MW: A acção e a contemplação são um pouco como a consciência da pele; quando olhamos para a pele pensamos que a pele corresponde a alguma coisa que não se mexe mas, no entanto, o que se passa é que o movimento desta é imperceptível para os olhos mas não para o tacto. Quero dizer assim também a contemplação não é a coisa parada e a acção a coisa que mexe."



De Malik:

"A arte-uso de Wengorovius sugere pelo menos isto: que o exercício da imaginação não só é travado pelo objecto mas também é libertado por ele, e que, a uma micro escala, esta libertação é uma exigência de repensar simultaneamente a naturalidade da nossa atenção aos objectos, a subordinação da imaginação à compreensão desse objecto, e as formas possíveis de sociabilidade que são ocasionadas por esta exigência sobre a nossa atenção. A atenção sobre a atenção requerida pelos objectos performativos da arte de Wengorovius pede-nos que reflictamos sobre o facto de a atenção não ser um acto solipsista acessível apenas ao filósofo solitário orientado para as verdades racionais da ordenação cognitiva, mas um acto convivial no qual podemos apenas verificar-nos a nós próprios e à força da nossa relação com objectos por meio da verificação social das pequenas libertações da imaginação. Nisto existe uma exigência revolucionária, mesmo sendo proposta de modo necessariamente silente na arte de Wengorovius por meio de brincalhonas confrontações de uma linha, de uma pequena acção numa cidade, de um teste à nossa posição perceptual, da nossa confusão em relação à lua. A exigência tem de ser silenciosa porque aqui, sem razão, não pode existir um objectivo a atingir, não pode haver uma certeza num futuro melhor, mas apenas uma prevaricação do que tem de ser, de outra forma, tomada como objectivo. Este desejo revolucionário, uma revolução social sem ordem, é ao que a arte de Wengorovius nos impele."


posted by Luís Miguel Dias quarta-feira, julho 29, 2009

La voz del maestro





James Turrell, 'The Light Inside', 1999.



Aquele ", pois," ali em baixo, na linha 9 "a mãe e a filha escutaram, pois, com uma pia atenção", é uma das maravilhas da nudez do que somos feitos e do que nos vamos fazendo. Aquele ", pois," é um Tratado.

Andemos.

Balzac escreve páginas e páginas acerca do dedicar-se à escrita enquanto escritor ou enquanto jornalista, faz a separação dos dois sem equívocos e mata aqueles que abdicando do sacrifício da escrita, enquanto tempo longo longo, querem passar os dias na crista da onda, ser e pertencer às páginas dos jornais. E explica, biblicamente, como se faz, ou não

"Lê Tasso de Goethe, a melhor obra desse grande génio, e verás que o poeta aprecia os tecidos ricos, as festas, os triunfos, o brilho: pois bem, sê o Tasso sem a sua loucura. A alta sociedade e os seus prazeres chamam por ti? continua connosco... Transporta para o domínio das ideias tudo o que exiges à tua vaidade. Loucura por loucura, inclui a virtude nas tuas acções e o vício nas tuas ideias; em vez de pensares bem e te comportares mal, como dizia d`Arthez."

também

"- Fora do mundo literário --disse o jornalista, levantando-se e dirigindo-se para a grande Avenida de l`Observatoire, onde os dois poetas passearam, como para melhor oxigenar os pulmões--, não existe uma única pessoa que conheça a horrível odisseia pela qual se alcança o que importa chamar, consoante os talentos, moda, voga, reputação, celebridade, aceitação pública, esses diferentes degraus que conduzem à glória e que nunca a substituem. Este fenómeno moral, tão brilhante, é composto por inúmeros acidentes que variam com tanta rapidez que não há exemplo de dois homens terem percorrido a mesma via. Canalis e Nathan são dois factos diferentes que não se repetirão. D`Arthez, que se mata a trabalhar, celebrizar-se-á por outra razão. Esta reputação tão desejada é quase sempre uma prostituta coroada. Sim, para as obras da baixa literatura, ela representa a pobre mulher que gela à esquina da rua; para a literatura secundária, é a mulher de casa posta que sai dos lugares mal frequentados do jornalismo e a quem eu sirvo de apoio; para a literatura de sucesso, é a brilhante cortesã insolente, que possui móveis, paga as contribuições ao Estado, recebe os grandes senhores, os trata e maltrata, possui criadagem, viatura e se pode dar ao luxo de fazer esperar os credores irados. Ah! aqueles para quem ela é, como para mim outrora, para si hoje, um anjo de asas matizadas, envergando uma túnica branca, exibindo na mão uma palma verde, uma flamejante espada na outra, resultante ao mesmo tempo da abstracção mitológica que vive no fundo de um poço e da pobre mulher virtuosa exilada num subúrbio, que só se enriquece com o brilho da virtude pelo esforço de uma nobre coragem, e regressa ao céu com um carácter imaculado, quando não perece maculada, ultrajada, violada, ignorada na carreta dos pobres; estes homens de cérebro coroado de bronze, de coração ainda quente sobre os túmulos de neve da experiência, são raros no país que vê aos nossos pés --disse ele, apontando para a grande cidade que se esfumava no declínio do dia."

Excelente artigo, de Martin Amis

"La edad aplaca al escritor. El destino más terrible de todos es perder la capacidad de dotar de vida a las creaciones de uno (las creaciones, en otras palabras, están muertas en principio). Otros novelistas simplemente se desenamoran del lector; esto es cierto en el caso de James, y también en el de Joyce (a quien, para empezar, nunca le importó demasiado el lector: lo que le importaban eran las palabras). Pero no en el de Updike, ni siquiera en estas páginas imprecisas y disipadas. Como se puede leer en algún poste de su adorado Estados Unidos rural (al acercarnos a algún pequeño y estoico municipio), aquí las historias están «densamente pobladas». Las creaciones de Updike viven, y el amor del autor es lo que las sustenta. Lo expresó de forma muy sencilla en A conciencia, su libro de memorias: «La imitación es un elogio. La descripción expresa amor». Ese amor, al menos, nunca llegó a debilitarse."


posted by Luís Miguel Dias quarta-feira, julho 29, 2009

terça-feira, julho 28, 2009

Ilusões Perdidas (3)






fotograma de Deadwood



"A meio do serão, o pobre administrador municipal acabou por se entender com uma viúva, a senhora du Brossard, acompanhada pela filha, que nem por isso eram as personagens menos interessantes da reunião. Como o provará uma simples observação: eram tão pobres quanto nobres. A abundância de adornos do seu vestuário revelava uma miséria envergonhada. A senhora du Brossard gabava desajeitadamente e a todo o custo a filha, alta e corpulenta, de vinte e sete anos, que passava por ser uma boa pianista; no seu entender, a filha partilhava os mesmos gostos que todos os jovens celibatários e, no seu desejo de casar a querida Camille, pretendera numa só noite que a filha apreciava a vida errante dos militares e a vida tranquila dos proprietários que cultivavam a terra. Ambas ostentavam a dignidade afectada, agridoce das pessoas que todos gostam de lamentar, pelas quais todos se interessam por egoísmo, e que conhecem o vazio das frases consoladoras que todos apreciam dirigir aos mais desafortunados. O senhor de Séverac tinha cinquenta e nove anos, era viúvo e sem filhos; a mãe e a filha escutaram, pois, com uma pia atenção os pormenores que ele lhes forneceu sobre a criação dos bichos-da-seda.
- A minha filha sempre adorou animais --disse a mãe.-- Portanto, como a seda fabricada por esses bichinhos interessa a todas as mulheres, peço licença para ir a Séverac mostrar à minha Camille como se processam as coisas. Camille é tão inteligente que compreenderá imediatamente tudo o que lhe explicar. Pois não foi capaz de aprender num dia a razão inversa do quadrado das distâncias?
Esta frase encerrou gloriosamente a conversa entre o senhor de Séverac e a senhora du Brossard, depois da récita de Lucien."



Honoré de Balzac (trad. Isabel St. Aubyn), Ilusões Perdidas, Publicações Dom Quixote, 2009.


posted by Luís Miguel Dias terça-feira, julho 28, 2009

segunda-feira, julho 27, 2009

.



posted by Luís Miguel Dias segunda-feira, julho 27, 2009

domingo, julho 26, 2009

Playtime





Jacques Tati, Playtime, 1967.




As crónicas O tempo que leva, de Miguel Esteves Cardoso, jornal público de sexta-feira, 17 de Julho, e A actualidade, esse vírus, de Manuel António Pina.

Vénia.

Em relação à primeira, essa forma de ver e sentir assim também já a vi, só que associo todas as tarefas todos os movimentos todos e todas a abrir janelas no explorer e afins, o que é uma canseira dos diabos, agora ali, e depois acolá, de volta, outra vez, é como ter de fazer isto e aquilo, uff, e sem sair de casa.

Haverá sempre um vírus qualquer, o dos fumadores... adiante, adiante, mas o que me passa pela cabeça é a dúvida se por estes dias não seria bom apanhar o H1N1, se a vou apanhar? apostando que no meio de dois ou três milhões de pessoas serei um deles, não seria melhor apanhá-la agora, tantos médicos e tantos cuidados, lá para novembro seremos mais sozinhos.

A melhor resposta que ouvi a uma dessas perguntas foi dada por Francis Obikwelu, durante os jogos da lusofonia, que até sorriu com a alvura da jornalista, e disse que vocês aqui na Europa preocupam-se muito, nós lá em África todos os dias temos vírus diferentes à solta e para todos os gostos, não disse por estas palavras mas quase. Vénia.


posted by Luís Miguel Dias domingo, julho 26, 2009

sexta-feira, julho 24, 2009


1. Espantosa é a admiração que grassa pelo país fora em relação ao aluno que transitou de ano, não de ciclo, com nove níveis inferiores a 3 (três).
Espantosa não foi a admiração em relação ao número de disciplinas que os alunos têm hoje em cada ano lectivo desde o início do segundo ciclo (5º e 6º anos) até ao final do terceiro (7º, 8º e 9º anos).
Good morning, Vietnam.

2. A publicidade do jornal público ao dvd de Leonard Cohen que vai para as bancas no dia 28/7/ "Um filme surpreendente. Mesmo na parte em que Rufus Wainwright canta a centésima quinta versão do Hellelujah" é manifestamente bárbaro, vale tudo, a nossa exigência está muito baixa, o dinheiro vale nada.

3. José Saramago, toda a vida comunista ortodoxo, apoiante de António Costa nas próximas eleições autárquicas --incrível, a desfaçatez, o desplante, a total falta de vergonha, o grau zero-- a dizer "para o bem e para o mal, não pareço ter mudado muito de ideias em quarenta anos. Sinceramente, não sei se me deverei felicitar ou corrigir."
Pena que Houellebecq não escreva um romance onde Saramago apareça como personagem.

4. Acerca da crónica Conflito e conteúdo, de Rui Tavares, do dia 22/7, no jornal Público: não é querer muito uma coisa (um lugar, uma conversa, uma fotografia, um autógrafo, um cumprimento num dado momento: desde a festa de anos, a um casamento à fila no primeiro dia de ministro ou de director ou...) apenas porque sim, mas antes se deseja mais, ou não, quando muitas pessoas a querem; onde está um holofote há sempre quem queira lá estar perto, é da natureza humana e por isso é também da História, como bem sabe.
Outra coisa é ser político, ninguém precisa de dizer em campanha eleitoral que é melhor que ganhe o outro ou que não se importa que ganhe o adversário.
O que é preciso esperar é que essa pessoa não se candidate nem se recandidate e o diga ao partido, ou, ainda melhor, o próprio partido sem medo de perder poder ou o poder afaste essa pessoa, que por lá querer estar, fincar pé, o arrasta inevitavemente.
Claro que estamos a falar de poder e de acção política, ética? realpolitik? presidente da junta?
Clístenes. Péricles. Aristóteles. Urge lá voltar.
O que escreveu, caro Rui Tavares, é conjuntural, precisamos do estrutural.
Napoleão dizia que não conseguia reflectir nem tomar decisões debaixo de um tecto, que tomou as suas principais decisões caminhando debaixo das estrelas, da lua, do sol ou das nuvens.

posted by Luís Miguel Dias sexta-feira, julho 24, 2009

quinta-feira, julho 23, 2009

proto




L.M.D., 2009.


Não sei, nem procurei, o nome da nova técnica de cosedura ou de colagem das folhas que permite que tenhamos na mão um livro, de muitas ou poucas páginas, embora no de muitas se note mais, e este não se vá desfazendo aos poucos, antes se vá tornando maleável e adaptando também ao sítio onde o estamos a ler, quer estejamos na página 77 ou na 177 ou na 267 ou 577, sem o esgarçar.

Para já, onde vi reparei experimentei esta maravilha da técnica foi no Ilusões Perdidas, de Honoré de Balzac, publicado pela Dom Quixote.


posted by Luís Miguel Dias quinta-feira, julho 23, 2009

quarta-feira, julho 22, 2009

Blue, the most human color/ Blue lips, blue veins
Blue, the color of our planet/From far, far away

and

Jimmy crack corn and I don`t care
Jimmy crack corn and I don`t care







Haverá no todo do tempo, imaginem que o podíamos rasgar, esticar com as duas mãos e abrir uma fresta e depois entrar se não com Virgílio com ______, radiação alguma? que nos faça chegar informações/reflexões/recordações que nas horas seguintes pelos olhos dentro nos esbarram?

Lembrei-me de si, sim, e lembro-me de ter achado que há muito tempo que não me lembrava, e senti que se os outros não se lembram ou lembram pouco não quer dizer que eu não possa ou não deva. Foi o que aconteceu.

Passadas poucas horas, uma casa solitária, vista do caminho, ancorada quase num penhasco, e com uma porta para todos os portos, naquele dia uma fotografia de Sugimoto, os olhos quase abertos, e a camisola de lã algures, a neblina a caminhar.

Algumas horas depois, Que o Diabo Leve a Mosca Azul, John Franklin Bardin, Relógio D`Água, e ainda só o início, "«Hoje é o grande dia!» -- foi o primeiro pensamento de Ellen ao acordar. Encantada pela cadência das palavras, repetiu-as, desta vez em voz alta, destacando bem o artigo: «Hoje é o grande dia!»"

Abra-se a cortina, devagar; feche-se com tijolos a janela aberta.


posted by Luís Miguel Dias quarta-feira, julho 22, 2009

terça-feira, julho 21, 2009

- Que tempo, não é?




Jenny Holzer, "MONUMENT", 2008.


A sucessão dos dias, das datas, das festas e dos festejos, disto e daquilo, ano mais ano, da tradição e do que se vai tornando tradicional, que quisemos e vamos continuar a querer que marque a passagem do nosso tempo, mais depressa ou mais devagar, olhando ora para a frente ora para trás, uma e mais outra vez a ver se vislumbramos o que aí vem, subtraindo dias ao que está mais próximo de chegar.

Gostei muito de ler a última crónica de José Manuel dos Santos, que alguém fez o favor de me meter em papel fotocópia na caixa do correio, + a de Luís Fernando Veríssimo, intitulada Lua, a primeira, e O Filho do Assobiador, a segunda.

A primeira fez-me lembrar uma troca de palavras entre C.C. Baxter e a senhoria dele, no The Apartment, 1960, de Billy Wilder:

[Nova Iorque, 1959]

"-Boa noite, Sr. Baxter.
-Sra. Lierberman.
-Que tempo, não é? Aposto que é por causa desses disparates com os foguetões.
Perdeu a sua chave da porta?
- Não, estou à espera de um amigo.
Boa noite, Sra. Lieberman.
- Boa noite, Sr. Baxter."

A segunda é voltar, melhor: pôr em papel, aos dias que José Manuel dos Santos diz que voltou, àquele tempo, ao de sempre logo de hoje que vamos vendo conforme o tamanho que vamos tendo.

Vénia, aos dois.


posted by Luís Miguel Dias terça-feira, julho 21, 2009

segunda-feira, julho 20, 2009

«Pedra Angular, constrói o que perdura»
Angelus Silesius



"Construção de uma fonte num horto,
Petrus de Crescentiis, cerca de 1492-1495"



Já por aqui tinha dado conta da edição do primeiro livro pela Pedra Angular, nova editora portuguesa: Um Só Propósito Homilias e Escritos Pastorais, de Manuel Clemente, D. Manuel Clemente, Bispo do Porto.

Agora, por estes dias, com a apresentação de dois novos títulos, a que já voltarei, a Direcção Editorial, num belo postal de apresentação, a construção de uma fonte num horto, diz o seguinte:

"Pedra Angular é um projecto que privilegiará o território da religião e da espiritualidade, não numa perspectiva confessional, mas na relação mais ampla e complexa com a cultura. Declaramos o nosso interesse por textos clássicos & velharias fora do circuito, mas também por leituras da actualidade, cerzidas a luz e controvérsia. Convocaremos indagações apaixonadas de todos os tempos. Lado a lado, estarão a mística e a economia social, uma tese universitária e um panfleto, uma biografia e um livro de viagens. Ninguém dirá, talvez, que se possa construir aquilo que perdura com esta arte improvável que é editar livros [ou que é lê-los]. E ainda assim."

É uma alegria para os olhos e outra para dentro dos olhos.

Os dois títulos:

Joseph Ratzinger, Paolo Flores d`Arcais, Existe Deus? Um confronto sobre verdade, fé e ateísmo.
"A revista italiana MicroMega lançava um volume sobre o confronto entre Fé e Razão, com textos, entre outros, do seu Director, Paolo Flores d`Arcais, e do então Prefeito para a Congregação da Doutrina da Fé, Cardeal Joseph Ratzinger. Para o efeito, organizou um debate com ambos os autores, num lugar público de Roma, e sob moderação do jornalista Gad Lerner. O histórico diálogo foi seguido por mais de duas mil pessoas, dentro e fora do Teatro Quirino (muitas em plena rua, recorrendo-se a um amplificador improvisado).

Existe Deus? - Um confronto sobre verdade, fé e ateísmo apresenta a transcrição desse debate, bem como dos textos de Ratzinger e Flores d`Arcais que estavam, nesse dia, a ser lançados."
A saber, do índice: A Verdade Católica, de Joseph Ratzinger; O cristianismo para lá da tradição (conversa com Joseph Ratzinger a cargo de Patrick Bahners e Christian Geyer); Atéismo e Verdade, de Paolo Flores d`Arcais.





O Peixe Amarelo – Pistas para um mundo melhor, "o livro nasce na sequência do convite da Pedra Angular para a edição das crónicas que, entre 2006 e 2009, foram escritas por João Wengorovius Meneses, na qualidade de colunista do jornal Diário Económico.

Tendo, pois, como temas predominantes a inovação social, o desenvolvimento e a sustentabilidade, as receitas obtidas com a venda do livro reverterão para a TESE - Associação para o Desenvolvimento, da qual o autor é o actual presidente."


E fica-se também a saber, da penúltima página do livro, o nome dos novos títulos a publicar:

Para Uma Ética Partilhada, de Enzo Bianchi;
O Nome e a Forma, de José Augusto Mourão;
Do Mistério ao Ministério, de José Manuel Garcia Cordeiro.

posted by Luís Miguel Dias segunda-feira, julho 20, 2009

sexta-feira, julho 17, 2009

Ilusões Perdidas (2)




fotograma de Deadwood


"A imitação das ideias tacanhas e dos modos mesquinhos atinge a pessoa mais distinta. Assim perecem homens que nasceram grandes, mulheres que, educadas pelos ensinamentos da sociedade e formadas por espíritos superiores, podiam ter sido encantadoras. A senhora de Bargeton entusiasmava-se a propósito de uma bagatela, sem distinguir a poesia pessoal da poesia pública. Na verdade, há sensações incompreensíveis que devemos guardar para nós. É sabido que o pôr do Sol é um grande poema, mas uma mulher não se tornará ridícula se o descrever com grandes palavras perante gente vulgar? Há volúpias que só podem saborear-se a dois, poeta a poeta, coração a coração. Ela tinha o defeito de empregar esses longos discursos, recheados de palavras enfáticas, tão engenhosamente chamadas nacos de prosa na linguagem dos jornalistas que todas as manhãs enchem os leitores de lugares-comuns bastante indigestos, mas que estes, ainda assim, ingerem. Distribuía de forma descomedida superlativos que sobrecarregavam as conversas em que as coisas mais insignificantes adquiriam proporções gigantescas. Nessa época, a senhora de Bargeton começava a tudo tipificar, individualizar, sintetizar, dramatizar, superlativar, analisar, poetizar, prosaizar, colossificar, angelizar, neologizar e tragificar, pois é preciso violar a língua, de vez em quando, a fim de enveredar pelos novos caminhos que algumas mulheres partilham. De resto, o seu espírito inflamava-se tanto quanto a linguagem. Trazia o ditirambo no coração e na ponta da língua. Palpitava, desfalecia, deixava-se entusiasmar por qualquer acontecimento: pela devoção de uma apagada freira e pela execução dos irmãos Faucher, por Ipsiboé (1) do visconde d`Arlin-court e por Anaconda de Lewis (2), pela evasão de Lavalette e por uma das suas amigas que conseguira afugentar os ladrões fazendo voz grossa. Para ela, tudo era sublime, extraordinário, estranho, divino, maravilhoso. Animava-se, irritava-se, deixava-se abater, recompunha-se, voltava a prostrar-se, olhava ora para o céu ora para a terra; os seus olhos enchiam-se de lágrimas. Desgastava a vida em perpétuas admirações e consumia-se em estranhos desdéns. Imaginava o paxá de Janina, gostaria de lutar contra ele no seu serralho e descobria algo de grandioso em ser cosida num saco e lançada à água. Invejava Lady Esther Stanhope, essa escritora pedante do deserto. Sentia vontade de ser irmã de Sainte-Camille e de ir morrer de febre amarela em Barcelona, a tratar de doentes: esse era um grande, um nobre destino! Enfim, sentia-se sedenta de tudo o que não fazia parte da monotonia da sua vida, rodeada de verdura. Adorava Lord Byron, Jean-Jacques Rousseau, todas as experiências poéticas e dramáticas. Acolhia em pranto todas as desgraças e entre risos todas as vitórias. Simpatizava com Napoleão derrotado, simpatizava com Mehemet Ali massacrando os tiranos do Egipto. Finalmente, envolvia numa auréola as pessoas geniais e acreditava que viviam de perfumes e de luz.


1) Charles Victor Prévot, visconde d`Arlincourt - Romacista, poeta e dramaturgo autor de numerosas obras, entre as quais esta tentativa falhada de romance negro, Ipsiboé, mas que só foi salvo do anonimato pela obra Le Solitaire, um dos grandes sucessos romanescos do início do século XIX, do qual se falará mais adiante nesta obra. (N. da T.)

2) Matthew Gregory Lewis (1775-1818) - Escritor britânico que lançou a moda do romance negro. (N. da T.)
"


Honoré de Balzac (trad. Isabel St. Aubyn), Ilusões Perdidas, Publicações Dom Quixote, 2009.


posted by Luís Miguel Dias sexta-feira, julho 17, 2009

quinta-feira, julho 16, 2009





ANSELM KIEFER
Am Anfang (Au commencement)
Installation dans le cadre du 20ème anniversaire de l'Opéra Bastille




«Creo que cuando lo vea, todo el mundo va a pensar que es el final, por eso lo llamo el principio. Porque el comienzo es el final».

Desde luego, ante su magnífica escenografía de un mundo desesperado, el espectador cree encontrarse en el Apocalipsis. Le recibe un mapa que representa la región histórica del Creciente Fértil, que se corresponde con parte de los territorios del Antiguo Egipto, el Levante Mediterráneo y Mesopotamia. Es una tierra de ruinas, ligada al origen de Occidente y a las grandes religiones. Cuando se eleva el telón, aparecen impresionantes doce torres temblorosas como las doce tribus de Israel. El personaje principal es La Chekhina, que encarna al pueblo judío, y que camina errando entre las ruinas esperando en vano la venida del Mesías, recitando salmos de Isaías y Jeremías. «Son palabras que he tenido durante mucho tiempo en mi cabeza -dice Kiefer- es un lenguaje que tiene muchísima fuerza». Todo está recubierto de polvo, y surge Lilith, la heroína maléfica, pelirroja, demonio de los infiernos que aparece y desaparece.

Escombros de historia. Ajeno a toda trascendencia, en los dos laterales del escenario, el pueblo amontona ladrillos. Todo son mujeres, y «son las mujeres las que se encuentran en lo alto de los escombros de la Historia», retumba la voz. Kiefer recuerda a las Trümmerfrauen, alemanas de la posguerra que recogían los escombros y los limpiaban escrupulosamente, y vienen también a la cabeza las camas vacías de mujeres revolucionarias que expuso en el Guggenheim de Bilbao en 2007.

Las mujeres homogéneas, parte indiferente del paisaje, pican la piedra y van levantando un muro. Lentamente y en silencio. Éste se va construyendo a partir de restos; la obra entera, sobre la carencia de sentido, sobre la ausencia de consuelo. «Mi mundo es desesperado -repite Kiefer-. No podemos ver ningún sentido en el mundo, no sabemos dónde va. En mi arte yo sí creo un sentido, y, por ello, soy un ilusionista».

Mediante la razón. La segunda causa por la que esta obra se distancia de la sensibilidad actual es porque comunica mediante la razón. A un público que pide emociones rápidas y fuertes, que quiere sentir porque no está acostumbrado a pensar, Kiefer le propone una obra metafísica. La poética de Kiefer es simbólica, conceptual y narrativa. «Yo soy pintor -afirma el artista-. Lo primero que tuve en la cabeza fue el cuadro. Después descubrí a mi yo compositor. El cuadro tiene un impacto inmediato. Sin embargo, esta obra es como un libro».





posted by Luís Miguel Dias quinta-feira, julho 16, 2009

quarta-feira, julho 15, 2009

Non, je ne regrette rien







Have the women in your life been a source of your strength or weakness?

LC: Good question. It's not a level playing ground for either of us, for either the man or the woman. This is the most challenging activity that humans get into, which is love. You know, where we have the sense that we can't live without love. That life has very little meaning without love. So we're invited into this arena which is a very dangerous arena, where the possibilities of humiliation and failure are ample. So there's no fixed lesson that one can learn, because the heart is always opening and closing, it's always softening and hardening. We're always experiencing joy or sadness. But there are lots of people who've closed down. And there are times in one's life when one has to close down just to regroup.

Are there times when you've lamented the power that women have had over you?

LC: I never looked at it that way. There's times when I've lamented, there's times when I've rejoiced, there's times when I've been deeply indifferent. You run through the whole gamut of experience. And most people have a woman in their heart, most men have a woman in their heart and most women have a man in their heart. There are people that don't. But most of us cherish some sort of dream of surrender. But these are dreams and sometimes they're defeated and sometimes they're manifested.

Do you think love is empowering?

LC: It's a ferocious activity, where you experience defeat and you experience acceptance and you experience exultation. And the affixed idea about it will definitely cause you a great deal of suffering. If you have the feeling that it's going to be an easy ride, you're going to be disappointed. If you have a feeling that it's going to be hell all the way, you may be surprised.

Do you regret not having a lifelong partner?

LC: Non, je ne regrette rien. I'm blessed with a certain amount of amnesia and I really don't remember what went down. I don't review my life that way.


posted by Luís Miguel Dias quarta-feira, julho 15, 2009

terça-feira, julho 14, 2009

If you ever go to Houston (4)




Jenny Holzer, "Red Yellow Looming", 2004.



1. Um destes dias porque quis embora aquela preguiça me condicionasse muito aquela mantive-me atrás de um carro que levava uma bicicleta em cima no capot, isto na autoestrada, e fui olhando olhando sem nada ver até que me passou à frente dos olhos que aquela bicicleta em cima daquele carro...

2. Num dia do meio da semana passada Mário Crespo convidou para o seu espaço de dar notícias e também de debate na sic-notícias Pedro Adão e Silva e a certa altura perguntou-lhe, ao jovem politólogo, que naquela posição tão grave parecia atrapalhado, até a voz lhe parecia mais difícil, perguntou-lhe o que é que ele achava do relatório da comissão de inquérito sobre o BPN e sobre o desempenho do sr. governador do banco de Portugal, Adão e Silva disse aquilo que contraria tudo o que possivelmente quis dizer quando disse que a política portuguesa precisa de uma revolução espiritual, a ver pelo exemplo que já deu na tv ele e outros colegas como ele a história das mentalidades em Portugal continuará a ser uma final de Wimbledon de 2008 ou, embora mais fraquinha, de 2009. Foi triste ouvi-lo dizer o que disse, e trágico.

3. Da cidade do conhecimento escreveu a semana passada no jornal público o ideólogo e intelectual, Vital Moreira, a quem nunca percebi o reconhecimento, que "não existe nenhuma resposta plenamente satisfatória para as limitações estruturais da democracia representativa"

vou repetir

"não existe nenhuma resposta plenamente satisfatória para as limitações estruturais da democracia representativa"

, mais: "são de acolher sem dúvida todas as medidas susceptíveis de melhorar a qualidade da democracia e de atenuar os factores que fazem da generalidade das democracias liberais contemporâneas ´democracias de baixa intensidade`. Todavia, não pode esquecer-se que entre os prinicipais factores para o desencanto social com a democracia representativa contam-se o défice de desempenho na resposta aos problemas das sociedades contemporâneas (insegurança, fraco crescimento económico, desemprego, saúde, alterações climáticas, etc.) e a instabilidade política e governativa."
Cheira a Fukuyama, serôdio.
Juro que nunca li mais do que meia dúzia de linhas e juro que nunca ouvi mais do que um ou dois minutos, uma ideia, vá, do que tinha para dizer quer na rádio quer na tv. Mas a semana passada... deve ter sido pelo parágrafo destacado.
É muito mau o que Vital Moreira escreveu e a resposta até podia estar na tal "revolução espiritual" de Adão e Silva, mas depois vai-se a ver e dá no que dá, mas dou duas pistas:
a) enquanto se fizerem relatórios assim da comissão de inquérito ao BPN

e

b) se achar o que se achou do desempenho do sr. governador do banco de Portugal

não melhorarão as democracias.

Só são duas pistas, para a próxima há mais, muitas mais, há tantas.

Ainda antes de me ir embora, por exemplo, aquilo que Maalouf referiu ao Público, partindo de Dostoiévski: "somos todos uma nação, e não podemos resolver problemas se não nos virmos assim: uma nação com muitas culturas. Quando começarmos a pensar dessa forma, entramos no que chamo o verdadeiro princípio da história."

4. que aquela bicicleta em cima daquele carro não levava os pedais presos e as rodas iam rodando.


posted by Luís Miguel Dias terça-feira, julho 14, 2009

segunda-feira, julho 13, 2009

Sábado, Julho 19, 2008




[o no, no, não é meu]

posted by Luís Miguel Dias segunda-feira, julho 13, 2009

sexta-feira, julho 10, 2009

Máximas e Axiomas





Do Twitter ouvi falar o ano passado aí por volta do fim do mês de Agosto princípios de Setembro, num jantar com amigos o que estava a meu lado o J. disse-me que o que estava a nascer agora na net e que daria muito que falar era o twitter, não percebi à primeira nem à segunda pedi para ele soletrar para depois não me enganar quando o estivesse a pedir ao google, disse-me do que se tratava e que andava a seguir alguns cromos estrangeiros com muita piada, um com receitas de culinária outro que parecia estar no deserto e outro que estaria a twittar enquanto fumava LSD.

No dia seguinte fui ver então o twitter e gostei e criei um aqui para o blog. Gostei mas para além do que se pode ver até ao dia 26 de Outubro de 2008 que era nada nunca mais lá fui e nunca segui nenhum, por cansaço meu, apenas.
Mas nos últimos dias os 140 caracteres do twitter sugeriram-me que podia lá colocar algumas das máximas e de axiomas, certo, certo, de Balzac que vou encontrando no magistral Ilusões Perdidas, por quem ando siderado, jasus.

Então decidi que sim, já sublinhei e enumerei cerca de 50 até à página não sei quantas, terei deixado escapar outras, com toda a certeza, mas é a vida, e a primeira que terei deixado escapar foi uma que deve dizer que a avareza começa quando a pobreza acaba.

A partir de hoje no twitter amontanhamagica Balzac, Ilusões Perdidas.

posted by Luís Miguel Dias sexta-feira, julho 10, 2009

quarta-feira, julho 08, 2009

Ilusões Perdidas (1)





fotograma de Deadwood




"Quando o acaso colocou frente a frente os dois colegas de escola, Lucien, cansado de viver na miséria, preparava-se para fazer uma dessas opções extremas pelas quais os jovens se decidem aos vinte anos. Os quarenta francos por mês que David ofereceu generosamente a Lucien, propondo-se ensinar-lhe o ofício de proto, embora um proto lhe fosse perfeitamente inútil, salvou Lucien do desespero. Os laços desta amizade de colegas de escola assim reatados estreitaram-se rapidamente devido às semelhanças entre os destinos e às diferenças entre os temperamentos dos dois rapazes. Com o espírito fortalecido por vários dons, ambos possuíam a elevada inteligência que coloca o homem ao nível de todas as sumidades, mas sentiam-se relegados para a base da sociedade. Esta injustiça do destino formou um elo poderoso. Além disso, ambos haviam chegado à poesia por caminhos diferentes. Se bem que propenso às mais elevadas especulações das ciências naturais, Lucien voltara-se com ardor para a glória literária; enquanto David, que o temperamento meditativo predispunha para a poesia, se inclinava, por gosto, para as ciências exactas. Esta interposição de vocações criou uma espécie de fraternidade espiritual. Lucien apressou-se a transmitir a David as elevadas ideias que herdara do pai quanto às aplicações da Ciência à Indústria, e David apontou a Lucien as novas vias da literatura pelas quais teria de enveredar se quisesse fazer nome e fortuna. A amizade entre os dois jovens tornou-se em poucos dias uma dessas paixões só possíveis no fim da adolescência. David conheceu a bonita Ève e apaixonou-se por ela, como se apaixonam os espíritos melancólicos e meditativos. O Et nunc et semper et in secula seculorum da liturgia é a divisa desses sublimes poetas desconhecidos cujas obras consistem em magníficas epopeias geradas e perdidas entre dois corações! Quando o apaixonado penetrou no segredo das expectativas que a mãe e a irmã de Lucien acalentavam naquela bela fronte de poeta, quando se apercebeu da sua cega devoção, pareceu-lhe consolador aproximar-se da sua amada, partilhando com ela imolações e esperanças. Lucien foi, portanto, para David, um irmão de eleição. Como os ultras que queriam ser mais reslistas do que o rei, David ultrapassou a fé que a mãe e a irmã depositavam no seu génio e acarinhou-o como uma mãe acarinha um filho. Durante uma dessas conversas em que, pressionados pela falta de dinheiro que lhes atava as mãos, remoíam, como todos os jovens, a maneira de realizar uma grande fortuna agitando todas as árvores já despojadas pelos seus predecessores sem conseguir obter frutos, Lucien lembrou-se de duas ideias imaginadas pelo pai. O senhor Chardon havia falado de reduzir para metade o preço do açucar pela introdução de um novo agente químico, e de baixar de igual modo o preço do papel, mandando vir da América certas matérias vegetais análogas àquelas de que se servem os Chineses e que se podiam obter a baixo preço. David, que já conhecia a importância deste problema, discutido na casa Didot, apoderou-se da ideia, vendo nela uma maneira de fazer fortuna, e considerou Lucien um benfeitor em relação ao qual se sentiria para sempre devedor.
Fácil será adivinhar como a maneira de pensar dominante dos dois amigos, e a sua vida interior, os tornavam incapazes de gerir uma tipografia. Em vez de render quinze a vinte mil francos, como a dos irmãos Cointet, impressores-livreiros do episcopado, proprietários do Courier de la Charente, agora o único jornal do departamento, a tipografia de Séchard filho produzia apenas trezentos francos por mês, dos quais tinha de retirar a remuneração do proto, a soldada de Marion, os impostos, o aluguer; o que reduzia David a uma centena de francos por mês. Homens activos e industriosos teriam renovado os caracteres, comprado prelos de ferro, teriam procurado no comércio de livros parisiense obras susceptíveis de serem impressas a baixo preço: mas o proprietário e o proto, absorvidos pelos elaborados trabalhos da inteligência, contentavam-se com as obras fornecidas pelos seus últimos clientes. Os irmãos Cointet haviam acabado por compreender a personalidade e os hábitos de David e já não o caluniavam; pelo contrário, uma política de bom senso aconselhava-os a deixar viver a tipografia, mantendo-a numa honrada mediocridade, a fim de que não caísse nas mãos de um qualquer temível antagonista; eles próprios se encarregavam de lhes enviar a impressão dos trabalhos mais triviais e ligeiros. Assim, sem o saber, David Séchard só existia, comercialmente falando, em virtude de um hábil cálculo dos seus concorrentes. Satisfeitos com aquilo a que chamavam o seu capricho, os Cointet usavam para com ele de uma aparente rectidão e lealdade; mas, na realidade, agiam como a administração de uma empresa de transportes quando simula a existência de concorrência a fim de evitar o seu real aparecimento."


Honoré de Balzac (trad. Isabel St. Aubyn), Ilusões Perdidas, Publicações Dom Quixote, 2009.


posted by Luís Miguel Dias quarta-feira, julho 08, 2009

terça-feira, julho 07, 2009

If you ever go to Houston (3)





Jenny Holzer, "MONUMENT", 2008.



Por que é que ele/ela disse isto aqui, por que é que ele/ela disse isto ali, por que é que quando o interesse está a aumentar tem de acabar, por que é que quando se está quase a chegar a um dos possíveis núcleos da questão já não há mais tempo, por que é que algumas/bastantes pessoas que exercem jornalismo em Portugal e se dão a ler ou a ouvir diária ou semanalmente têm vergonha de pedir aos seus entrevistados para lhes explicar o que querem dizer com isto ou aquilo, porque não sabem, não vêem, ou nunca pensaram nisso, disso têm todo o direito, e por terem essa vergonha mudam de conversa como que abandonando uma personagem algures numa história fazendo lembrar as seis personagens à procura de autor, no fundo, no fundo, algumas das pessoas que exercem jornalismo em Portugal são é muito criativas, Pirandello, Pirandello.

Podemos achar as perguntas, as observações, as chamadas de atenção etc., melhores ou piores, de mais bom gosto ou de menos bom gosto, mais acertadas ou menos acertadas, mais justas ou menos justas, não interessa, interessa mas para aqui agora não interessa, depende da cada um, mas o que interessa ou o que pode intressar é o seguinte, vejamos os dois exemplos que mais me chamaram a atenção nestes últimos quinze dias:

1) na entrevista a José Tolentino Mendonça, Única do dia 27 de Junho:

- a certa altura da conversa as jornalistas perguntam: "Quem o marcou?"

resposta: "Não só os grandes mestres católicos mas também Bernanos, Graham Green, Robert Bresson. Interessa-me uma certa insubmissão e um discurso contra-corrente, culturalmente novo. Por exemplo, Pasolini foi a certa altura muito importante. Neste sentido sou um libertário."

Acrescenta a jornalista, abrindo a discussão: "Pasolini não seria muito aconselhável..."

resposta: "Ou seria muito aconselhável."

veja-se o que a jornalista diz a seguir: "Disse que a sua vocação foi ´inconsequente e imprudente, uma coisa de juventude`."

?!
Pa-so-li-ni?
Pasoli-ni?
Pasolini?
Pa-so-li-ni?


2) na entrevista a Vasco Pulido Valente para a revista Ler, que li numas fotocópias que me meteram na caixa do correio:

- à observação de Carlos Vaz Marques, o entrevistador/conversador entertainer do regime literário hola/caras/vip:

"Isto vinha a propósito de ter desistido de escrever uma biografia do Eça de Queirós."

O Professor Doutor Vasco Pulido Valente responde:

"Achei que se tivesse menos 10 anos, se pudesse ler toda a interminável bibliografia dele, procurar os precedentes disto, valia a pena negar a ortodoxia interpretativa do Eça. Sem uma investigação bibliográfica que me levava cinco ou seis anos --ou mais... E isto não é o único ponto. Se ler a esta luz [o ateísmo de Eça, que Pulido Valente explica momentos antes] O Mandarim ou a A Relíquia, dois dos grandes livros dele, concordará que é difícil inverter as ideias comuns sobre isso. Já para não falar de Os Maias, que é um assunto ainda mais complicado."

e a pergunta seguinte qual é?

"O que é que mais lhe interessa no Eça de Queirós: a capacidade de criar um mundo próprio ou a capacidade de observação do mundo em que viveu?"

Ora, ora. Gerou-se aqui mais um personagem à procura de autor: a personagem a perguntar por que é que n`Os Maias "é um assunto ainda mais complicado"? Se alguém a vir ou a ouvir bater à porta falem com ela.

Onde Vaz Marques já não deu origem a nova personagem foi quando:

pergunta: "No caso português, para além do Oliveira Martins, encontra mais algum escritor maior da História?"

resposta: "Não. Mas, apesar de tudo, não estamos sozinhos no mundo. Há mais mundo para lá da História portuguesa. Há o Tocqueville, há o Michelet, há o Taine. Há muita gente. Há o Gibbon, para começar. Há grandes historiadores que foram grandes escritores. Também aí, eu sou uma personagem menor.

pergunta: "Sente que passou ao lado de alguma coisa, que podia ter sido uma personagem maior?"

resposta: "Por amor de Deus, isso é uma pergunta extraordinária. Se eu fosse capado e rico é possível que tivesse escrito melhor História.

pergunta: "Capado, porquê?"


ponto final parágrafo.

posted by Luís Miguel Dias terça-feira, julho 07, 2009

segunda-feira, julho 06, 2009

.



Anish Kapoor, Hole, 1988; sculpture.


posted by Luís Miguel Dias segunda-feira, julho 06, 2009

sábado, julho 04, 2009

If you ever go to Houston (2)






Num dia à noite fim de tarde da semana passada o director da PT Zeinal Bava foi convidado a dar uma grande entrevista na rtp 1, um desses canais que dá e tem o que de melhor há no mundo, da televisão, com o objectivo principal de esclarecer se a empresa que dirige estaria ou não interessada no canal de televisão TVI, e se estava e se pretendia comprá-lo como é que era possível o governo português não o saber, pela voz maior do chefe do governo da república portuguesa.

Sobre o que Zeinal disse não há nada a dizer porque não disse nada, sorry, disse sim: que a PT está interessada em conteúdos e que quer dar aos seus clientes o que de melhor há nas televisões por esse mundo fora, disse-o uma, duas, três, quatro, cinco, seis, mais de seis, seguramente; só os U2, veja, conseguem melhor, para a estação espacial internacional.

Claro que foi assunto para fala daqui fala dali falando.

De alguma coisa do que foi dito duas alíneas:

a) Cintra Torres, que acha que tem quase sempre razão, com aquele ar enfadado, quase quase a chegar a Nuno Rogeiro, só lhe falta publicamente não olhar para os seus interlocutores, foi quem mais perto esteve das conclusões mais acertadas, sobre o que disse Bava:

"Zeinal Bava também disse à RTP1 que as responsabilidades da PT são para com as bolsas de Lisboa e Nova Iorque, onde está cotada, e que não dispor de conteúdos é um ´colete de forças`. Pois, mas a PT, além de Lisboa e Nova Iorque, também está cotada em S. Bento e o ´colete de forças` é a golden share. Não é razoável Bava resumir a compra da Média Capital a um negócio económico quando ele era, para Portugal, para os portugueses, um negócio político." Até aqui chega.

O brilhante profissional que Zeinal pode ser não o deve levar a julgar que à sua volta é só paisagem: passou a entrevista a falar na bolsa de nova iorque e de conteúdos e a dizer que é para isso que trabalha e que é para isso que olha como se nada mais existisse, haja ou não consequências e não interessa que sejam assim ou assado? Terá sido assim que os seus colegas das bolsas de todo o mundo, vá lá, actuaram e pensaram e nos fizeram chegar até aqui, crise mais crise mais crise? Este homem repetiu insaciavelmente esta receita: só economia, só negócio, só economia, só negócio.

b) é isto que o director do jornal quase diário i não percebe quando escreveu o que escreveu no editorial do dia... Sábado e Domingo, 27/28 Junho, número 45, e o intitulou "O que se passou realmente na PT". O que se passou passou-lhe a si ao lado, não conseguiu ver mas diz que viu tudo. Comece por experimentar uma pirâmide de valores, que vale o que vale, mas comece por aí.

Obama, Obama, Obama, e não se aprende nada.

Para terminar mais uma alínea:

c) Rui Tavares e José Manuel Fernandes pegaram-se, e o peso, senhores, que Rui Tavares já carrega, tão pesado, tão pesado. Adiante. Uma das razões da pega é também quem viu primeiro a crise, e ambos viram muito tarde, já há dez anos, repito, e já o escrevi aqui (momento burn after reading), já há dez anos, 10, se estava a ver para onde se caminhava, mas... enfim. Alguns indicadores de há 10 anos a esta parte que se foram acumulando porque não se foram resolvendo, ninguém queria ver, isto por aqui na nossa terrinha, da soleira da nossa porta:

1) lojas de comércio com pessoas a mais lá dentro a servir poucos clientes;

2) lojas comerciais onde não entrava um cliente durante um dia inteiro;

3) o número de automóveis per capita;

4) e quando o petróleo subir?;

5) o preço das casas e haver compradores para elas: 125, 150, 150, 200, 250, 300, mil euros?;

6) os parques dos hipermercados sempre cheios de carros;

7) os lucros dos bancos.

É preciso levantar a cabeça, os da filosofia costumam dizer que os historiadores são os coscuvilheiros da coisa e ... não está mal, não está mal.

Pode-se dizer falar falar falar mas o que há também a mudar, como sempre, é a mentalidade, a predisposição para isto ou para aquilo, para visões abrangentes e gerais, e não de realpolitik, só especializações havia de dar no que está a dar.
E aquilo que se ouviu da boca de um dos mais prestigiados executivos na grande entrevista é mais do mesmo.

posted by Luís Miguel Dias sábado, julho 04, 2009

sexta-feira, julho 03, 2009

.





"Há duas maneiras de chegar a casa; uma delas é não chegar a sair. A outra é dar a volta ao mundo até regressar ao local de partida; tentei descrever esse género de viagem numa história que escrevi. Mas é com enorme alívio que me desvio desse tópico e me volto agora para uma história que nunca escrevi. Uma história que, à semelhança dos outros livros que nunca escrevi, é de longe o meu melhor livro de sempre; como, porém, é muitíssimo provável que nunca venha a escrevê-la, vou aproveitá-la simbolicamente neste livro, porque se trata de um símbolo da mesma verdade que quero aqui apresentar. Concebi-a como um romance, o romance daqueles amplos vales de encostas declivosas, nos flancos de cujas colinas estão gravados os antigos Cavalos Brancos de Wessex (1). Era um romance sobre um rapazito que vivia numa quinta, ou numa casa empoleirada numa dessas encostas, e que partia à procura de qualquer coisa, como por exemplo a efígie e o túmulo de um gigante; e, quando já estava bastante longe de casa, olhava para trás e via que a quinta dele, e o jardim de casa dele, coloridamente instalados naquela colina, quais divisões de um escudo bem polido, mais não eram do que elementos dessa figura gigantesca, dentro da qual ele sempre vivera, mas que era grande de mais para ele a conseguir ver quando a olhava de perto. Essa é, a meu ver, a imagem fiel do actual desenvolvimento de qualquer inteligência independente; e essa é a finalidade deste livro.


(1) Provável referência a uma figura pré-histórica de um cavalo estilizado, em cré branca, de grandes dimensões, que se encontra gravado nas colinas do Sul de Inglaterra."


G.K. Chesterton (trad. Maria José Figueiredo), O Homem Eterno, Aletheia Editores, 2009.

posted by Luís Miguel Dias sexta-feira, julho 03, 2009

quarta-feira, julho 01, 2009

.




E as suas mãos como as das mulheres são,
e conformes a qualquer maternidade estão;
tão alegres como as aves que constroem com sua dança,
ao toque quentes e serenas na confiança,
e como recipiente de beber cabem na mão.



Rainer Maria Rilke, O Livro de Horas, Assírio & Alvim, 2009.


.

posted by Luís Miguel Dias quarta-feira, julho 01, 2009

Powered by Blogger Site Meter

Blogue de Luís Dias
amontanhamagica@hotmail.com
A montanha mágica YouTube




vídeos cá do sítio publicados no site do NME

Ilusões Perdidas//A Divina Comédia

Btn_brn_30x30

Google Art Project

Assírio & Alvim
Livrarias Assírio & Alvim - NOVO
Pedra Angular Facebook
blog da Cotovia
Averno
Livros &etc
Relógio D`Água Editores
porta 33
A Phala
Papeles Perdidos
O Café dos Loucos
The Ressabiator

António Reis
Ainda não começámos a pensar
As Aranhas
Foco
Lumière
dias felizes
umblogsobrekleist
there`s only 1 alice
menina limão
O Melhor Amigo
Hospedaria Camões
Bartleby Bar
Rua das Pretas
The Heart is a Lonely Hunter
primeira hora da manhã
Ouriquense
contra mundum
Os Filmes da Minha Vida
Poesia Incompleta
Livraria Letra Livre
Kino Slang
sempre em marcha
Pedro Costa
Artistas Unidos
Teatro da Cornucópia


Abrupto
Manuel António Pina
portadaloja
Dragoscópio
Rui Tavares
31 da Armada

Discos com Sono
Voz do Deserto
Ainda não está escuro
Provas de Contacto
O Inventor
Ribeira das Naus
Vidro Azul
Sound + Vision
The Rest Is Noise
Unquiet Thoughts


Espaço Llansol
Bragança de Miranda
Blogue do Centro Nacional de Cultura
Blogue Jornal de Letras
Atlântico-Sul
letra corrida
Letra de Forma
Revista Coelacanto


A Causa Foi Modificada
Almocreve das Petas
A natureza do mal
Arrastão
A Terceira Noite
Bomba Inteligente
O Senhor Comentador
Blogue dos Cafés
cinco dias
João Pereira Coutinho
jugular
Linha dos Nodos
Manchas
Life is Life
Mood Swing
Os homens da minha vida
O signo do dragão
O Vermelho e o Negro
Pastoral Portuguesa
Poesia & Lda.
Vidro Duplo
Quatro Caminhos
vontade indómita
.....
Arts & Letters Daily
Classica Digitalia
biblioteca nacional digital
Project Gutenberg
Believer
Colóquio/Letras
Cabinet
First Things
The Atlantic
El Paso Times
La Repubblica
BBC News
Telegraph.co.uk
Estadão
Folha de S. Paulo
Harper`s Magazine
The Independent
The Nation
The New Republic
The New York Review of Books
London Review of Books
Prospect
The Spectator
Transfuge
Salon
The Times Literary...
The New Criterion
The Paris Review
Vanity Fair
Cahiers du cinéma
UBUWEB::Sound
all music guide
Pitchfork
Wire
Flannery O'Connor
Bill Viola
Ficções

Destaques: Tomas Tranströmer e de Kooning
e Brancusi-Serra e Tom Waits e Ruy Belo e
Andrei Tarkovski e What Heaven Looks Like: Part 1
e What Heaven Looks Like: Part 2
e Enda Walsh e Jean Genet e Frank Gehry's first skyscraper e Radiohead and Massive Attack play at Occupy London Christmas party - video e What Heaven Looks Like: Part 3 e
And I love Life and fear not Death—Because I’ve lived—But never as now—these days! Good Night—I’m with you. e
What Heaven Looks Like: Part 4 e Krapp's Last Tape (2006) A rare chance to see the sell out performance of Samuel Beckett's critically acclaimed play, starring Nobel Laureate Harold Pinter via entrada como last tapes outrora dias felizes e agora MALONE meurt________

São horas, Senhor. O Verão alongou-se muito.
Pousa sobre os relógios de sol as tuas sombras
E larga os ventos por sobre as campinas.


Old Ideas

Past